sábado, 31 de março de 2012

Claudia Ohana e Mateus Solano falam sobre A NOVELA DAS OITO (matéria)

Claudia Ohana e Mateus Solano falam sobre A NOVELA DAS OITO
30/03 - 15h28
por Redação Cinema em Cena
Copyright Cinema em Cena 2012
Reportagem e fotos por Louise Duarte, especial para o Cinema em Cena 
Duas mulheres fugindo da polícia em plena ditadura militar em 1978, com um enredo que lembra Thelma & Louise, de Ridley Scott. Um jovem diplomata volta ao seu país e redescobre a sua sexualidade depois da morte do pai. Tudo isso embalado com a novela Dancin’ Days, sucesso televisivo que ditava moda na época. Este é o enredo de A Novela das Oito, longa de estreia de Odilon Rocha, estrelado por Claudia Ohana, Mateus Solano, Vanessa Giácomo e grande elenco, que acaba de entrar em cartaz.


Solano interpreta João Paulo, que volta ao Brasil depois de muito tempo vivendo no exterior e logo se envolve com outro homem. Em coletiva realizada no escritório da Paramount Pictures, no Centro do Rio de Janeiro, o ator falou sobre o beijo entre os personagens, algo que ainda é um tabu na TV brasileira. “A televisão mostra o que o público quer. Acho que esse personagem não seria diferente na televisão. Claro que ele estaria mais preso à forma da televisão. Claro que não teríamos um beijo gay caliente como foi nesse filme, mas eu, como ator, tento trazer a humanidade para todos os personagens, seja na TV, cinema, teatro. E a humanidade é isso. É o que o cinema se propõe a dar. Você vê a cena do beijo, é uma cena viril, é uma cena de dois machos se entregando. Tem testosterona ali. Isso é uma coisa, não digo nova, mas que o público do Brasil não costuma ver. O gay surge sempre frágil ou afetado, estereotipado. Então, acho importante trazer essa normalidade para o homossexual.”
Claudia Ohana interpreta Dora, uma jornalista que precisou se exilar, sob uma nova identidade, na casa da garota de programa interpretada por Vanessa Giácomo. Dora é também a única que percorre a trama interagindo com todos os personagens. A atriz conta que Dora sofre uma transformação durante o filme. “Ela começa um personagem muito sofrido, que passou por tortura, está exilada, teve uma perda de personalidade... Ele é um personagem difícil porque não é um militante político, foi presa por causa de um artigo que fez por amor, não é uma empregada. Era um personagem ao mesmo tempo muito humano, uma mulher comum que, por azar da vida, se viu naquela situação e teve que se exilar e abandonar toda a vida dela. Ela sofre a transformação muito através da personagem da Amanda, que é o oposto dela. É o alter ego dela. É muito sutil o personagem, as histórias vão se entrelaçando, e acho que o cinema é muito o olhar. O olho diz tudo, coisa que não se tem na televisão.”
Copyright Cinema em Cena 2012Solano também falou sobre a diferença entre fazer cinema e TV: “No cinema, você tem mais tempo, pode aprofundar mais questões, linguagens. Na televisão, precisa produzir um capítulo por dia. No cinema, você tem uma liberdade que é a liberdade do diretor, é completamente diferente. No caso da televisão, é uma empresa. E como toda empresa, quer ganhar dinheiro, e dá ao espectador o que o espectador pede.”
Os atores comentaram como uma novela atualmente não paralisa mais um país inteiro como antigamente. “(Isso só acontece hoje) no último capítulo, quando o Silvio de Abreu mata todo mundo. Acho que o tempo da gente está muito rápido, muito presente, a gente não prepara nada para o futuro. A gente está vivendo o carpe diem de uma forma superexagerada e acho que não só com as novelas. Às vezes me pergunto por conta dos gêmeos que eu fiz (na novela Viver a Vida). Ruth e Raquel estão no nosso imaginário para sempre. Não sei se os gêmeos vão ficar no imaginário desta geração”, lembra Solano. Ohana complementou lembrando que as épocas são diferentes: “Antigamente não tinha TV a cabo. Não tinha paparazzi.”
A atriz, que tem uma participação especial na trilha sonora do filme, contou como foi essa experiência, já que não é a primeira vez que cantou. Ela já mostrou seus dotes musicais em outros trabalhos, como no filme A Ópera do Malandro, na novela Vamp e na montagem do musical Rocky Horror Picture Show, entre outros. “Na verdade, eu sempre cantei. Eu faço musical há muito tempo, já fiz filme, já fiz uma novela musical – que acho que é a única novela musical (Vamp) – então, acho que estou sempre me preparando. Foi o Odilon quem me chamou e me deu essa música, que eu nunca tinha ouvido, que é “Waiting For You”, é linda. Fui com a letra da música para gravar, aprendi a melodia e gravei.”
Ohana, que também fez figuração em Dancin’ Days no início de sua carreira, finalizou a entrevista contando como foi voltar para aquele universo. “Fazer esse filme foi voltar uma época toda da minha vida. Quando eu fiz 15 anos de idade, minha vida mudou e eu tive que trabalhar. Comecei fazendo figuração e por acaso fiz figuração em Dancin’ Days. É incrível como o mundo gira, e a gente volta as coisas, e foi incrível. Foi uma volta ao passado.”
Assista ao trailer de A Novela das Oito. O filme, que ganhou o Troféu Redentor de Melhor Roteiro no Festival do Rio de 2011, entra em cartaz com 20 cópias.

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